Notas para o livro
- Ligia Contreras
- 28 de mar. de 2022
- 1 min de leitura
tem um poema aqui dentro que desperta o suspiro, algo que rima e que dança, algo que me chama. Um convite talvez escondido…

“Yo no sé de pájaros,
no conozco la historia del fuego.
Pero creo que mi soledad debería tener alas.”
Desde que lancei o meu primeiro livro numa co-autoria com a Beatriz El-Bainy, passei a me dedicar ainda mais a escrever. Surgiu como uma avalanche de sentimentos e muitas dores escondidas que brotaram apenas por ter permitido nascer esse sonho.
Por um lado experimentava a felicidade de ver ELA LEVOU MEUS VERSOS pousando em muitos lugares e cada vez mais distante. Mas por outro lado, me invadia uma sensação de impotência, de perda de controle e um certo vazio ao experenciar o silêncio.
Escrever é muito solitário. Exaustivo. Soltas as palavras e permaneces.
Elas não são mais tuas. Elas não mais te cercam.
E foi assim que um dia depois comecei a tomar notas, como se ainda pudesse editar o livro, expandi-lo. Como aquelas mentiras furtivas que te permitem escapar do presente e viver por um instante uma ilusão que consola, ao mesmo tempo que entristece.
Notas para o livro se tornou meu novo lugar secreto. Deixei as narrativas mais intensas, chorei com saudades dos meus enredos. Perdi o medo. Voltei a escrever sobre o papel, como que buscando visitar aquela criança que um dia eu fui, que sonhava em ser poeta, deixando pelo mundo um legado sensível e único.
Por isso vais me encontrar por aí, inventando personagens, olhando a cidade e resgatando memórias.
"A quem me pergunta
por onde ando a me inspirar,
eu respondo com a voz bem rouca
e em tom de segredo: olho pra dentro."
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